O ensino de Língua Portuguesa na escola brasileira é, na verdade, uma ótima oportunidade desperdiçada de pensar cientificamente a relação entre idioma e falantes. Perde-se tal oportunidade, principalmente, por culpa do uso de métodos ineficientes, de posturas prepotentes dos professores ante o saber do aluno e/ou pela indefinição de objetivos, ou seja, por não haver metas claras que justifiquem determinadas práticas docentes. São comuns aulas descontextualizadas, baseadas nas gramáticas tradicionais, das quais fazem parte os exercícios classificatórios, partindo ou não de textos. Em geral, não há uma seqüência que pareça lógica ao aluno na exposição e apresentação de conteúdos, impedindo-o de estabelecer ligações entre o que aprende na escola e o que vive fora dela. Professores de Língua Portuguesa mais pretensiosos acreditam que podem (e devem) ensinar seus alunos a ler, escrever e falar corretamente o idioma materno, pois julgam ter experiência suficiente que os habilite a empreender tal tarefa. Além de ignorarem as competências já adquiridas pelo aluno, não raro deixam de experimentar novos caminhos seja por acomodação ou por não saber como fazê-lo. É possível que, após quase uma década de ensino formal da Língua Portuguesa, o aluno tenha a impressão de que não domina seu idioma, de que não sabe usá-lo corretamente ou de que não saiu do lugar. Essa sensação de vazio, de impotência que faz com que o aluno se questione sobre a utilidade do que aprendeu, ou pelo menos deveria ter aprendido, revela critérios indefinidos quanto à prática de ensino aplicada: se o professor, que é o agente orientador do processo de aprendizagem formal, não sabe precisamente que resultados quer alcançar, como fará com que seu aluno atinja este ou aquele objetivo? O ensino da Língua Portuguesa se dá na medida em que professor e aluno se percebem sujeitos de um processo espiral, em constante construção, do qual resulta uma experiência significativa para ambos: o primeiro tem a possibilidade de descobrir e entender a lógica das falhas cometidas pelo aluno e, assim, saber exatamente em que ponto e porquê deve corrigi-lo, enquanto ao segundo é dada a chance de pensar crítica e cientificamente a língua falada e aplicar o que aprendeu para melhor compreensão das demais áreas do conhecimento.
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Um comentário:
Parabéns meu eterno mega-super Adriano. Você foi o aluno dos sonhos de qq professor, será um educador cujos sonhos trarão mudanças incríveis! Eu verei, com a graça de Deus. Deus use você!!
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